Poesias

CHEGOU A HORA

Chegou a hora de fazer o que deves –
ainda que em vão, ainda que pouco,
mesmo que chovam sapos, azagaias, canivetes.

Chegou a hora de comer cebola –
se não abrires a boca quando te oferecerem amêndoas,
não provarás o que não buscas.

Chegou a hora de contar o que sei
para aprender o que não sei,
inventar o que poderia ser.

Chegou a hora de dizer a verdade -
que a vida é fantasia de sonhos contentes
de um ignorante que não sabe que a dor existe.

Chegou a hora da desobediência civil -
do prego e da bigorna sublevados contra o martelo
é que forjas a espada e o sino que tanges para o levante.

Chegou a hora de amar por ter de amanhecer
entre os que só vivem da mesma doença da paixão,
a que os salva dos mortos, de todas as coisas mortas.

Chegou a hora de quebrar os hábitos,
mudar, dar de comer à excitação de um novo amanhã
que há de ser o que não tem de ser, a vida e seu mudar.


05/04/2011

 

 

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